sexta-feira, 21 de setembro de 2012

OS DIFERENTES PAPÉIS DO PROFESSOR Guy Brousseau CONTEXTUALIZAÇÃO E DESCONTEXTUALIZAÇÃO DO SABER O matemático não comunica seus resultados tal como os obteve, mas os reorganiza, lhes dá a forma mais geral possível; realiza uma “didática prática” que consiste em dar ao saber uma forma comunicável, descontextualizada, despersonalizada, fora de um contexto temporal. O professor realiza primeiro o trabalho inverso ao do cientista, uma recontextualização do saber: procura situações que dêem sentido aos conhecimentos que devem ser ensinados. Porém, se a fase de personalização funcionou bem, quando o aluno respondeu às situações propostas não sabia que o que “produziu” é um conhecimento que poderá utilizar em outras ocasiões. Para transformar suas respostas e seus conhecimentos em saber deverá, com a ajuda do professor, re-despersonalizar e re-descontextualizar o saber que produziu para poder reconhecer no que fez algo que tenha caráter universal, um conhecimento cultural reutilizável. Podem ser vistas aqui as duas partes, bastante contraditórias, do papel do professor: fazer viver o conhecimento, fazê-lo ser produzido por parte dos alunos como resposta razoável a uma situação familiar e, ainda, transforma essa “resposta razoável” em um “fato cognitivo extraordinário”, identificado, reconhecido a partir do exterior. Para o professor, é grande a tentação de pular estas duas fases e ensinar diretamente o saber como objeto cultural, evitando este duplo envolvimento. Neste caso, apresenta-se o saber e o aluno se apropria dele como puder.

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